Eu não sei ao certo se este título é exagerado para o que eu quero, porém é sabido que num curso de Ciências Contábeis o ensino da disciplina Contabilidade Geral traz ao aluno a possibilidade de mergulhar na lógica própria que pertence a esta Ciência milenar, que no Brasil conheceu nomes dos mais ilustres e capazes, dos quais cito o saudoso professor Antônio Lopes de Sá. Mas a verdade é que falar em Débito e Crédito é para qualquer professor uma experiência no mínimo marcante.
Não que exista uma fórmula mágica para ensinar Débito e Crédito; creio que existam professores com tamanha facilidade em sua didática que a aula flui com facilidade; outros, talvez engessados ou excessivamente preocupados acabam por nivelar o tema por base naqueles que ainda não adentraram no "espírito da coisa". O que existe no ensino de Débito e Crédito, na minha opinião, é um conjunto de informações acerca do que seja a Contabilidade e também sobre os elementos que compõem a estrutura de um Patrimônio, senão vejamos:
O Patrimônio de qualquer entidade é, basicamente, o conjunto dos Bens, Direitos e Obrigações. Os dois primeiros precisam contrabalançar com o último, como uma Balança. A Contabilidade trabalha com o equilíbrio, com a sintonia dos itens, graças a outra "descoberta" medieval: o Método das partidas dobradas, que ensina que para cada Débito (representando uma aplicação ou efeito) existe um outro crédito (ou origem ou causa) de mesmo valor. Daí começamos a falar em Débitos e Créditos.
Os Bens e Direitos são, por natureza, "Aplicações" de recursos, ou seja, compõem a parte Positiva de um Patrimônio e ali qualquer entidade aposta seus esforços. Já as obrigações são "Origens" dos recursos obtidos, e que representam um dever de dar, fazer ou entregar algo que diminua ou quite tal obrigação. Daí poderíamos avançar para o que conhecemos por "Ativo" e "Passivo" num Patrimônio.
Mas quando falamos em debitar e creditar, não falamos em subtrair ou adicionar valores aos elementos patrimoniais. Precisamos, antes, entender que os Bens e Direitos possuem uma Natureza "Devedora", por serem Aplicações; as obrigações têm natureza "credora" por serem Origens.
Ora, se um grupo de contas no meu Patrimônio possui uma determinada natureza, tudo aquilo que impulsionar o seu valor será de mesma natureza (é assim na Contabilidade). Por exemplo: Se as Obrigações possuem natureza Credora - por serem Origens dos recursos -, logo, seus saldos serão majorados a partir de novos créditos; de outro lado, sempre que eu precisar diminuir o valor de uma obrigação precisarei fazer um débito em sua conta.
Um exemplo clássico é a conta Caixa de uma empresa. Qualquer aluno que ingressa na Faculdade de Ciências Contábeis já tem uma ideia de que lá vai ser tudo o contrário: "contabilidade quando o dinheiro sai do Caixa a gente credita, e quando entra a gente debita". Ora, se o aluno já fixasse seu entendimento nesta máxima, muitas questões seriam resolvidas com facilidade!
Sim, o Caixa de uma empresa, por ser um bem, tem natureza Devedora. Então por isso que sempre lanço um Débito no Caixa quando este valor representa um ingresso de divisas, e Credito tal conta quando tenho diante de mim uma saída de dinheiro. Em ambos os casos vou precisar depois somente me preocupar em conhecer que conta será a contrapartida, já sabendo que será de "sinal invertido" (se debitei o caixa então credito a sua contrapartida, ou vice-versa), sabedor de que a Contabilidade trabalha com o Método das partidas dobradas.
Então, a ideia deste breve artigo é demonstrar o quanto uma pequena parte de uma disciplina pode representar muito no aprendizado de um aluno de Ciências contábeis. Saber debitar e creditar representa, antes, entender a dinâmica patrimonial e a sua estrutura. A partir daí diverso conhecimento pode ser agregado, que será de muita utilidade não somente na escrituração dos fatos contábeis, mas no entendimento e resolução de diversas tarefas cotidianas ligados a eventos financeiros.
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